Acabo de ler este livro e foi o tipo da leitura que não consigo decifrar se gostei ou não. Tentarei explicar. A autora nasce em um lar vegetariano estrito, sem pai mas
com a mãe meio hippona e o irmão. Eles não se ambientam num mundo carnívoro. Crescem entre manteiga de amendoim e brotos de alfafa mas se sentem muito estranhos.
Os amigos comem batatas fritas, hamburguer, assam peru no Dia de Ação de Graças. O irmão acaba carnívoro e trabalhando em uma churrascaria daquelas bem "finas", se casa e tem duas belezuras loirinhas mas vegetarianas convictas.
A autora, descobre que "seu mundo caiu", está sem a energia de antes, sozinha, com problemas de tireóide. Começa sua saga carnívora, já que uma fila de médicos manda ela comer carne. O interessante é que faz pensar porque em nenhum momento ela bate o pé e diz eu sou vegetariana e muito menos eu sou carnívora. Explora um "novo" conceito de saber a origem de tua carne, logo, sendo orgânica, não fazendo mal ao bichinho, posso traçá-lo com chimichurri. O animal é criado solto, come capim boa parte do tempo, não recebe medicamentos e um belo dia leva uma pancada no quengo e desmaia. Ele não tem a menor idéia de que será morto. Tudo é feito com muito amor, compaixão mesmo, aproveitando todos os pedaços, não há desperdício e existe muita ética e limpeza.
Até acredito que quem seja vegetariano apenas pelo lado ecológico, e não tenha muita convicção, (me perdoe - acho que acordei meio ácida) comece a querer saber quem ama os animais em suas pequenas propriedades e com compaixão os mate. Uma aba de filé mal passada em seu prato, um pedaço da vaca que foi cuidada com muito amor. Mas sempre foi assim, é um trato. Te dou água, comida, "liberdade", carinho, deixo você procriar e cuidar um pouquinho da tua prole, mas depois você me dá a tua parte, literalmente. Mas eu vou mesmo é querer todas as suas partes.
Não deixa de ter material farto para reflexão. Parece que apenas os vegetarianos que são contra a morte dos animais continuaram vegetarianos. Os que evitam o sofrimento apenas, já estão em cima do muro, podendo ser também o muro do vizinho aos Domingos, assistindo o estalar do carvão e inalando o cheiro inebriante da picanha. Como no desenho animado chega a flutuar e ser levado pela fumaçinha...
Ai ai...
Você já deve estar falando: Nossa, é claro que ela achou o livro péssimo!
-Ainda não cheguei a conclusão...
Tem outra parte que achei desnecessária, muitos que leram acharam pertinente. Acho que é como dar perfume à alguém de presente. A probabilidade de acertar é mínima...Ela sofre assédio de um suposto padrastro e depois tem uma passagem aos 20 anos que é melhor nem falar. Sinto que ela é problemática desde menina com a história de não comer carne (em tese, pq depois de jovem come carne às vezes. É carnívora na rua e vegetariana em casa), de ser gordinha, de estar sozinha, cansada e etc. Sempre achei que repressão não fosse algo bom. Alguém acha bom? Não estou motivando nada, nem vegetarianos se rasgarem nem carnívoros se afundarem numa poça de creme de espinafre. Apenas acho que devemos ser o que somos, o que nos torna felizes. Essa história de sou médico e minha filha também vai ser, sou tricolor e meu filho também será...dá um nó danado. Às vezes até que os nossos "filhos" correspondem, as mulheres, os namorados, maridos...mas quando não é só decepção.
O tal do "tem que" é o passaporte da infelicidade!
- Ei, menina, volta ao livro!
Bem, ela passa por diversas experiências, conhece uma pá de gente, diria a nata do carnivorismo, e suas "viagens e viajens" rs leva a certa reflexão. Uma simples, pequeno exemplo é a demonstração de que a primeira vaca no abatedouro é uma mistura louca de susto, dor, surpresa...a segunda já passa a ser menos pior, a terceira você já se acostumou e olha o produto final como algo totalmente estanho do que foi a poucas horas uma vaca inteirinha e vivinha. Isso ocorre conosco a todo momento. É a banalização.
As informações sobre vegetarianismo não são, diria, uma novidade. Saber que os órgãos ditam as regras do tipo, coma x% de proteína animal, num país que vive da carne, como exemplo a Irlanda, não é algo que te cria mutação nas rugas do rosto. Saber que o bovino que consome milho tem uma carne de um tipo e o que come capim é de outro, enfim, quem é vegetariano ou pretender ser acaba se informando de tudo isso. Mas mesmo assim ainda vale à pena e vou dizer o porquê!
Ela, a Tara A. Weaver (que não é tarada por carne) explora em seu livro as sensações, muito além das emoções. Incrivelmente você se vê mordendo um naco saboroso de carne e sente algo (eu senti asco, dó e também prazer pela beleza do molho de chimichurri, como ela sou apaixonada por molhos), se vê num abatedouro e sente, mas também se vê cansada, sem energia, gorda, triste, sem amor e cheia de dúvidas. E ainda achei isso válido? Claro, porque negar experiências dentro de um certo limite de segurança? Se não me sinto em dúvida, nem com baixa estima, nem só, se sei o que quero, posso ter as experiências e passar incólume. Perái que vou cheirar uma prato de batatas-fritas! rs Ela também questiona a carne e os homens. Onde há carne, há homens. Parece que é verdade e parece querer provar a todo instante sua capacidade frente aos objetos de seus desejos: Homens e carnes.
Outro fato que achei interessante foi o final. Não sei se serei estraga prazeres...porque vai que você esteja interessada (o) no livro. Acabei com tudo, né? Ou se estiver lendo e conto o final. Acho que pouparei você por hoje. Apenas digo, é um bom final. Dei alguma dica?
É isso, meus amigos veg´s e carnívoros....depois eu conto do outro livro, que é bem mais científico e acaba com o mito-problema da Tara A. Weaver, já que escrito por um médico vegetariano. Para quem gosta de comprovações científicas é um prato cheio de brotos.
Até a próxima!
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